Tardígrado, o menor animal do planeta.
O animal mais resistente do planeta é microscópico. Medindo apenas meio milímetro de comprimento, eles podem ser encontrados em todos os lugares, pois vivem na camada de água de musgos e liquens que circunda o globo. Estamos falando do tardígrado, que em 1773 seu descobridor, o zoólogo Johann August Ephraim Goeze, chamou de “pequeno urso d’água” por causa de seu andar particular semelhante ao desses mamíferos. O simples fato de andar já é incomum, pois é provavelmente o menor animal com pernas. Existem cerca de 1.300 espécies conhecidas, que viveram separadas de seus parentes evolutivos mais próximos por 500 milhões de anos. O tardígrado é um dos micro animais mais fascinantes do planeta, e cada vez que algo novo é descoberto sobre ele, os resultados aparecem nas mais prestigiadas revistas científicas. Mas o que há neste minúsculo animal que atrai tanta atenção? Tardígrado Superpotências Algumas espécies de tardígrados podem sobreviver sem água por anos, talvez décadas, suportar temperaturas extremas de mais de 100 graus Celsius a menos 272 abaixo de zero, resistir a pressões de 6.000 atmosferas, sobreviver a radiações centenas de vezes mais poderosas do que a dose letal para humanos e até mesmo tolerar exposição prolongada ao vácuo do espaço sideral. Esta última habilidade foi comprovada quando em 2007 as agências espaciais europeias e russas enviaram ao espaço a sonda Foton-M3 com um grupo de tardígrados desidratados. As criaturas não apenas sobreviveram, mas mantiveram sua capacidade reprodutiva. Desde então, eles são reconhecidos como os animais mais resistentes do planeta. Em 2019, a sonda israelense Beresheet caiu na superfície da Lua com um grupo de tardígrados a bordo, levando à especulação de que eles poderiam sobreviver e se reproduzir lá. No entanto, um estudo mostrou que a resiliência lendária dessas pequenas criaturas também tem seus limites: os pesquisadores as dispararam de uma arma especial de hipervelocidade para determinar as velocidades de colisão que poderiam suportar. E embora tenham sobrevivido até cerca de 3.000 km/h, a provável pressão de impacto na Lua excedeu em muito sua tolerância. Em 2021, a NASA enviou tardígrados à Estação Espacial Internacional para investigar melhor sua resiliência a ambientes extremos. Sobrevivendo 30 anos em congelamento profundo Uma das superpotências mais interessantes dos tardígrados é sua resistência ao congelamento e à dissecação, pois entender como eles conseguem isso pode levar a uma série de aplicações. Em 2016, cientistas do Instituto Nacional de Pesquisa Polar do Japão conseguiram reanimar um tardígrado que estava congelado há mais de 30 anos no Polo Sul, e a criatura foi capaz de se reproduzir. O recorde quebrou a marca anterior de nove anos, embora ainda não tenha igualado o de alguns vermes nematoides. Tardígrado Para sobreviver ao congelamento, os tardígrados entram em um estado de animação suspensa conhecido como criptobiose, um processo pelo qual eles desaceleram todos os processos metabólicos para 0,01% do normal e reduzem seu teor de água para 3% para que os cristais de gelo não os destruam. Nesse estado, proteínas especializadas chamadas – Proteínas Intrinsecamente Desordenadas –…